HIPÉRIDES LAMARTINE DE FARIA (1926 - 2014).

 


 


 Natural de Caicó/RN. Filho do casal Clóvis Lamartine de Farias e Maria de Lourdes da Nóbrega.

Iniciou seus estudos em Serra Negra do Norte. Um dos principais nomes da aviação potiguar que fez história ajudando na recuperação do Aeroclube de Natal faleceu aos 88 anos Justamente no dia em que assinou um convênio com a escola de pilotos franceses Raid Latécoère, o Aeroclube de Natal não pode comemorar. A instituição está de luto: morreu o escritor, jornalista e piloto Pery Lamartine, que fez história na aviação potiguar e foi um dos responsáveis por elevar o nome do Aeroclube de Natal. O corpo dele foi velado no Centro de Velório de Emaús. Neto do ex-governador Juvenal Lamartine, Pery teve três carreiras de  destaque. Ele, piloto de avião, trabalhou como repórter de esportes para o famoso jornalista Assis Chateaubriand. E foi deste que Pery ganhou três aviões para recuperar o Aeroclube de Natal, ainda no século passado. “É uma perda irreparável, mas que deixou um legado imenso. Pery honrou a memória do eu avô e viveu intensamente a vida de aeronauta, não só voando, ma produzindo e resgatando sua história”, afirmou o Edgar Dantas, do Instituto Histórico do RN. Além de piloto e jornalista, Pery Lamartine foi também escritor (se tornou até um dos imortais da Academia Norte-rio-grandense de Letras) e empresário, dono da Agência de Viagem Aerotur. “Pery Lamartine foi um grande homem, que deixou muitas contribuições para o turismo e outras atividades importantes do Estado e pode-se dizer que fez parte da história da aviação do nosso Estado”.  Aos 88 anos, Pery Lamartine fez o seu último voo no amanhecer de sábado, agora. Piloto, instrutor de aviação, escritor, empresário do turismo, sertanejo, um homem cordial. Tive o privilégio de sua amizade num rica convivência por mais de 60 anos. As esquinas da Ribeira foram os pontos de nossas primeiras conversas: aviação, sertão, literatura de cordel, política, jornal, literatura, os boatos da aldeia. Com o passar do tempo   foram surgindo seus livros. O aviador se descobre escritor, inspirado em Fabião das Queimadas, o maior poeta popular do Rio Grande do Norte. Pery, então, fez seus primeiros versos. Mas certamente foi o  tio Oswaldo Lamartine de Faria quem apontou as rotas para seus próximos voos no rumo da literatura, confirmando o pesquisador fiel às suas origens sertanejas, menino magro e comprido nascido no Seridó (Caicó). Em 1964, em parceria com Oswaldo Lamartine, publicaria o seu primeiro trabalho,  Algumas Abelhas dos Sertões do Seridó (Notas de Carregação), que depois, em 1980, Oswaldo incluiria no seu livro Sertões do Seridó, publicado pelo Senado Federal, com apresentação de Francisco das Chagas Pereira. Em 1982, Pery fez seu voo solo como pesquisador publicando Assentamentos da Família Lamartine. Nestes dois primeiros livros o autor se apresenta com o seu nome de batismo: Hypérides. No terceiro livro, Aeroplano, publicado em 1983, surge o Pery que continuaria nas capas dos novos livros: Pery Lamartine. O  último foi publicado ano passado, História de uma Photographia. Ao todo, acho que Pery publicou uns dez, doze livros. Vou me lembrando de Timbaúba – uma fazenda do século XIX, Velhas Oiticicas, que tem prefácio de Eulício Farias de Lacerda e orelhas de Luís Carlos Guimarães, dois grandes nomes da literatura potiguar, e ilustrações de Orlando Morgantini, artista plástico ítalo-natalense. Em seguida, Epopeia nos  Ares (crônicas), publicado em 1995 pela Fundação José Augusto, que também publicou Velhas Oiticicas, 1991. O livro Escape é de 1998, com prefácio  de Graco Magalhães, também aviador. Em 2000 saiu Serra Negra: Anos 50 e Coronéis do Seridó, 2005. Pery publicou ainda Saint Exupéry na América Latina. Em 2010 saiu A Rodagem, que conta a pioneirismo do transporte rodoviário entre o Seridó e Natal, tempo dos mistos e das sopas desbravadoras. Tem prefácio de Eva Barros e orelhas de Valério Mesquita. Neste livro, que folheio agora com   emoção, Pery foi generoso no  autógrafo  que deu para este batedor de notícias: “Ao amigo Woden Madruga, uma velha e grande amizade que não se acaba. Natal, 1º/3/10. Pery Lamartine.”  Era imortal da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Manoel Onofre Jr, também acadêmico, em seu livro Alguma Prata de Casa, publicado pela Nave da Palavra, em 2012, no capítulo que trata da memorialística potiguar, disse o seguinte sobre Pery Lamartine quando se refere ao seu livro Velhas Oiticicas: “Descrevendo costumes, paisagens, fatos e tipos humanos de   sua terra – o Seridó velho de guerra -, Pery Lamartine enriquece, com esta obra, a memorialística potiguar, e ao mesmo tempo apresenta uma despretensiosa contribuição para o estudo da etnografia sertaneja, como, aliás, já o fizera em livro anterior, “Timbaúba, uma Fazenda do Século XIX”. Em abril do ano passado fiz com Pery – ele já se queixando da doença, mas sem perder a alegria de viver e o bom humor que lhe caracterizava -,  Paulo Balá  e Cassiano Bezerra, uma visita ao Museu do Sertão, obra de Marcos Lopes na sua Fazenda Bonfim. Foi uma tarde/noite agradabilíssima no convívio com gente da melhor qualidade. No Jornal de WM de 18 daquele mês, abri a coluna  falando sobre essa excursão de onde destaco dois trechos: - Há tempo que Paulo Balá programava uma ida ao Museu do Vaqueiro, me metendo na excursão até à Fazenda Bonfim, de Marcos Lopes, em cujos tabuleiros, além do Forró da Luz a e mata ao lado para a pega do boi, tem agora o museu. Foi inaugurado em dezembro do ano passado, um projeto que ele trabalhava há mais de dez anos. Segunda-feira agora aconteceu a visita. Pegamos a estrada, coisa das três da tarde: Paulo, Cassiano Bezerra, Pery Lamartine e eu. Os três vaqueiros, derrubadores de boi. Eu, não. Mas tenho um neto, Tibério, que já pratica o esporte da vaquejada pelas ribeiras do Potengi. De Natal até o Bonfim não dá 40 minutos. - Foi um dia e tanto. Imagine o prosear do doutor Paulo Balá trocando histórias com Pery, aqui e acolá aparteados por Cassiano reavivando a memória dos dois primos. Isso enquanto o carro ia pela BR-101 no rumo de São José de Mipibu, onde fica o feudo de Marcos Lopes, fazenda que se estica até a beira da Lagoa do Bonfim. Logo na entrada, a 1,5 da rodovia (na altura do posto da Polícia Rodoviária) está o museu, um espaço eu  não se limita apena a réplica de um belo casarão do século 19 (Fazenda Poço Verde, na Serra de João do Vale, em Campo Grande) que Marcos construiu e nele instalou o Museu do Vaqueiro. Os seus arredores integram o projeto. A gente vai chegando e vendo a estátua de Luiz Gonzaga, erguida no pátio, saudando o visitante. A aviação, o turismo e a literatura foram os grandes expoentes da vida de Pery Lamartine. Ele pode ser lembrado pelo pioneirismo em viagens e por ter fundado uma das primeiras agencias de turismo do Rio Grande do Norte. Além disso, ele foi um pesquisador meticuloso em duas vertentes: a aviação e o sertão potiguar. Pery nasceu em 2 de maio de  1926, em Caicó,  estudou em Serra Negra, terra de seus ancestrais, tornou-se aviador, escritor e agente de viagens – o primeiro de Natal. No ano de 1944 terminou o curso de piloto-privado do Aeroclube do RN.  Na época, era estudante do colégio Atheneu. Conhecido pelo pioneirismo em viagens, com a fundação de uma das primeiras agencias de turismo do Rio Grande do Norte. Hypérides Lamartine, conhecido como “Pery Lamartine”, era filho do casal Clóvis Lamartine de Farias e Maria de Lourdes da Nóbrega. Ele é autor de várias crônicas, Pery foi um escritor  consagrado, integrante da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, com 17 livros publicados, entre os quais “Velhas Oiticicas”, “Epopeia nos ares”, “O Aeroplano”, “Personagens Serra-negrenses” e “Coronéis do Seridó”. Além dos temas voltados para suas origens sertanejas, a aviação dominou seus escritos, pois ele foi um decano da história dessa proeza humana no Rio Grande do Norte.  Em 1949, há registros fotográficos do piloto Augusto Severo Neto mostrando o piloto Pery Lamartine nos comandos da aeronave PT-19 sobrevoando o “aeródromo perdido”, que se configura como um dos maiores mistérios da aviação norte-riograndense, com a localização do primeiro aeródromo da zona Norte de Natal, esquecido desde a década de 40.  De acordo com o relato de Pery, que chegou a utilizar a pista durante o pós-guerra, o aeródromo se localizava mais ao norte em direção a foz do rio Potengi, nas proximidades da Base Naval Norte-Americana, popularmente conhecida como “Rampa”. Além disso, o aviador detalhou que na verdade se tratava de duas pistas e não apenas uma mais um hangar com capacidade para abrigar quatro aviões, dando a entender que não era um abrigo pequeno. O acesso, segundo Pery, ocorria através de embarcações que atravessavam o rio Potengi, partindo do píer da avenida Tavares de Lira, seguindo ao norte até um braço de rio, o qual eles adentravam cerca de 400 metros, onde desembarcavam. Uma das hipóteses é que a pista do aeroclube, localizada onde ainda hoje funciona a sede social do Aeroclube do Rio Grande do Norte, fundado em 1928, por Juvenal Lamartine, era curta e sem condições de ampliação, por isso Lamartine como governador do estado, na época teria mandado construir um aeródromo na zona Norte de Natal, na margem oposta do rio Potengi, no acesso de um braço de rio ou “Camboa”, para uso dos aviadores que chegavam e partiam de Natal, uma vez que o “campo dos franceses” em Parnamirim era praticamente inacessível para a maior parte da população. Em entrevista realizada em maio de 2013, Pery se descreveu como um homem tranquilo e reservado. “Sempre tive tendência para as letras mas só  na fase  madura é que me descobri,  tenho feito o possível para manter esse nível e através dele venho colocando o Seridó e aviação a disposição do leitor.  Tenho um temperamento moderado, não me afobo facilmente e não gosto de multidão. Minha leitura preferida é livro de ação assim como também no cinema. O Computador é o meu instrumento de trabalho e também a  minha distração”, disse à época.



Woden Madruga [ woden@terra.com.br ]



 





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